A coluna Ciência Fundamental, do jornal Folha de S. Paulo, publicou o artigo Onde estão os cientistas negros?, assinado pelo Prof. Luiz Augusto Campos. No texto, o coordenador do Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa (Gemaa) e editor-chefe da Revista DADOS comenta a participação de pessoas negras, pardas e indígenas na pós-graduação das ciências duras no Brasil.
A obsessão com uma visão fetichizada dos dotes acadêmicos não faz apenas com que os processos seletivos se tornem absurdamente competitivos e complexos, mas também preconceituosos. Em uma seleção composta de várias fases, na qual muitos competem por poucas vagas, é muito comum chegar a situações de empate ou quase empate entre algumas candidaturas. E, nesses casos, a decisão passa muitas vezes pela inflação de qualidades marginais: “esse candidato usou melhor a crase no projeto”, ou “esse outro fez um curso de férias em Londres”, ou ainda “aquele pareceu mais tranquilo na entrevista”. Não raro atributos laterais como esses acabam decidindo quem entra e quem sai.