O Boletim Lua Nova, publicação do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC), publicou em uma coluna especial o artigo Gênero é justo? Reflexões sobre o trabalho “invisível” no ambiente doméstico e justiça na obra de Susan Okin, de autoria conjunta entre as pesquisadoras do Núcleo de Teoria Política e Instituições (NUTEPI) Lidiane Vieira, pesquisadora de pós- doutorado no IESP-UERJ, Júia Hirshle e Mariane Matos, ambas doutorandas em Ciência Política no Instituto.
Okin é uma feminista e filósofa política da Nova Zelândia que marcou as discussões sobre justiça e teoria política normativa no século passado. Seu livro foi escrito e lançado no final dos anos 1980 na busca por um diálogo com a literatura que estava pensando a justiça naquele momento. O cerne da sua reflexão está na importância da igualdade para as democracias, nessas sociedades em que as pessoas não são – ou não deveriam ser – constrangidas pelas suas diferenças inatas. Isto significa que podem conquistar diferentes posições no mercado de trabalho, nas instituições escolares, entre outros, de acordo com seus talentos, desejos e predisposições. No entanto, o que a autora observa é que as democracias, ainda que assentadas no princípio da igualdade, resguardam desigualdades estruturantes, entre elas as de gênero.