O professor do IESP-UERJ Christian Lynch, coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisa em Teoria Política e Pensamento Político Brasileiro (Beemote), concedeu entrevista ao jornal O Estado de São Paulo. Nela, o cientista político comenta a ideia de mudança no regime político brasileiro, para o semipresidencialismo, defendida pelo atual presidente da Câmara dos Deputados.
A equivalência de forças entre os poderes não está garantida em nenhum sistema. O presidente pode ser forte ou fraco em qualquer um. Não há superioridade intrínseca de nenhum modelo sobre outro. Nenhuma reforma pode ser útil se não for incremental e baseada em nossos trinta anos de experiência. A indispensabilidade dos governos de coalizão foi reaprendida depois do impeachment do Collor e deu origem ao chamado “presidencialismo de coalizão”. Eu vejo o semipresidencialismo como uma oportunidade de aperfeiçoá-lo, e não para substitui-lo. É impossível ao presidente da República exercer pessoalmente a miríade de funções de governo, administração, representação e articulação política exigidas nos dias de hoje, como presume a ficção presidencialista. Por isso, os presidentes na prática sempre tiveram um ministro, geralmente o da Casa Civil, encarregado informalmente de superintender a administração e fazer a articulação política: o Clóvis Carvalho, o Dirceu, o Palocci, a Dilma, o Ramos etc. Por que não formalizar essa posição, criando juridicamente a figura de um primeiro-ministro indicado pelo presidente, responsável diante dele e da Câmara? Aparentemente se tem mais medo do nome da coisa do que da própria coisa, que já existe.
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