O Prof. Luiz Augusto Campos concedeu entrevista ao Boletim Lua Nova, publicação do Centro de Estudoss de Cultura Contemporânea (CEDEC). Na conversa, o coordenador do Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa (Gemaa) e editor-chefe da Revista DADOS tratou da emergência de novas temáticas nas ciências sociais e do impacto das ações afirmativas na mudança do perfil das(os) estudantes e cientistas brasileiras(os).
E as cotas na pós-graduação têm uma outra característica, porque a pós-graduação no Brasil é muito autorregulada pelos próprios programas. Então uma coisa é você aceitar uma política pública que se impõe via conselho universitário ou via lei federal ou estadual, outra coisa é você produzir enquanto docente que está no programa de pós-graduação uma ação afirmativa e aplicar essa ação afirmativa, e esse segundo aspecto eu acho que ainda está muito defasado. É muito mais fácil você aceitar que seu curso vai receber todos os anos X alunos negros e X alunos de baixa renda, do que você dizer que o seu programa, agora nos seus métodos seletivos, vão ter que criar um modo para receber esses alunos. Isso é muito mais desafiador, sobretudo porque a gente não tem uma lei de ações afirmativas na pós-graduação. Então, evidentemente, houve mudanças, mas essas mudanças se deram de modo desigual nos cursos, nas áreas e nos níveis de pós-graduação.