O Centro para o Estudo da Riqueza e Estratificação Social do IESP-UERJ (Ceres) publicou o relatório da pesquisa Educação de Jovens e Adultos e Violência Urbana na Metrópole do Rio de Janeiro, estudo inédito investigando as relações entre a violência armada na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e a redução das oportunidades educacionais na região. Coordenado pelo Prof. Rogério Jerônimo Barbosa, pelo pesquisador Michel Misse Filho, pós-doutorando no Instituto, e pela pesquisadora associada ao Ceres Valéria Cristina Oliveira (FaE-UFMG), o levantamento foi produzido em parceria com o Instituto Fogo Cruzado (IFC) e o Núcleo de Pesquisa em Desigualdades Escolares da Universidade Federal de Minas Gerais (Nupede), e viabilizado por iniciativa da Fundação Roberto Marinho (FRM).
A partir de dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), o estudo destaca que as áreas sob controle de grupos armados registram as piores condições para a efetivação do direito à educação, com índices mais elevados de abandono escolar. As chances de um estudante da rede pública, matriculado nos anos finais do ensino fundamental, abandonar a escola é 14% maior em áreas controladas pelo tráfico ou pela milícia. A probabilidade de abandono cresce ainda mais nos anos iniciais, considerando escolas públicas e privadas, variando de 27,5% a 31,1%.
Na última sexta-feira, 28 de outubro, a Fundação promoveu um evento de lançamento da pesquisa, realizado no Museu do Amanhã, no centro do Rio de Janeiro:






A dinâmica dos tiroteios na Região Metropolitana do Rio tem prevalência no período noturno — justamente aquele em que se concentram a esmagadora maioria das turmas de EJA. Em 2017, por exemplo, 411 tiroteios foram registrados no entorno de escolas com EJA, dos quais 325, ou cerca de 80%, ocorreram à noite, e embora em 2023 esse número tenha caído para 232 eventos (93 noturnos), a maioria ainda ocorria à noite. A violência armada continua reorganizando o cotidiano escolar, atrasando a saída de casa, obrigando estudantes a mudar de rota ou simplesmente a desistir da aula naquele dia. Cada ida à escola à noite é também uma negociação cotidiana com o medo e com a possibilidade concreta de interrupção de sua trajetória educacional
Rogério Jerônimo Barbosa, coordenador do Ceres/IESP-UERJ




